Ninguém entra para a política para servir. Entram para se dar bem . Entram para transformar-se em poder um instrumento de enriquecimento pessoal. Executivo, Legislativo e Judiciário não são freios e contrapesos — são cúmplices de uma engrenagem que funciona com precisão cirúrgicas para beneficiar poucos e explorar muitos.
O Brasil ocupa a 107ª posição no Índice de Percepção de Corrupção de 2024, Ao lado de Argélia, Nepal, Tailândia e Turquia, o país se distancia de países desenvolvidos como Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia, que pontuam acima de 80%. A corrupção não é apenas política; é cultural. É a música de fundo de uma sociedade anestesiada.
Um teatro da dedicação social , dramático que todos aplaudem com sua própria razão. .
O Executivo transforma verbas públicas em lucro privado: licitações fraudulentas, contratos superfaturados, obras intermináveis beneficiando empresários do sistema, políticas públicas convertidas em propaganda. Ministérios e secretarias funcionam como braços de um mercado paralelo milionário , onde o bem coletivo não entra na equação.
O Legislativo não legisla. Negocia. Troca votos, cargos, emendas e proteção a interesses particulares. Leis blindam corruptos; brechas jurídicas perpetuam esquemas. O parlamento não representa; protege e garante impunidade. Em nepotismo direto, indireto, cruzado protegidos por lei .
O Judiciário seleciona quem pune e quem passa impune. Processos se arrastam; decisões favorecem poderosos; a lei se curva à influência. Justiça? Às vezes, cúmplice silenciosa da desonestidade que corrói o país como o câncer.
Enquanto isso, a população observa. Conformismo virou rotina. Indignação se dilui no cotidiano. Muitos aceitam o desvio como destino, como se fosse marca registrada da pátria. Até adicionam como meta de vida principal o sonho desejado profundamente de querer participar. Comprar votos virou regra , vender votos manifesto de precisão .
O Brasil é pobre — quase 35% da população vive abaixo da linha da pobreza. O paradoxo é cruel: enquanto milhões mal têm o que comer, outros se beneficiam do saque institucionalizado.
A corrupção sistêmica é veneno cultural. Alimenta-se do silêncio e do desinteresse. Cresce na normalização, prospera na impunidade. A pátria segue refém da própria vergonha de uma sociedade doente . Executivo, Legislativo e Judiciário continuarão dançando juntos na mesma sinfonia: a sinfonia do conluio, da engrenagem do desvio e da contravenção.
E que ninguém se iluda: enquanto o povo se acomoda e aceita isso como normal, mesmo diante da fome, da miséria da inanição a política continuará sendo o maior negócio do país. Ninguém é punido, ninguém sofre, ninguém muda. Podre poderes irmãos.
Na cultura sistemica da roubalheira institucionalizada do dinheiro público, ser honesto é brega é burrisse é passado.
São três poderes harmônicos em si e cúmplices entre todos. O quarto poder? A mídia?. Vendida, comprada, calada, sequestrada para legitimar a contravenção capital, morre sufocada na inanição de produzir aplausos remunerados. Ou se corrompe em coação, chantagem e desmoralização.
Seremos todos, sempre, cúmplices silenciosos de um país que transformou a corrupção em cultura, a impunidade em rotina e a vergonha em tradição.
“Apenas um grito inaudível diante da brutal normalidade do afável sistema social que em diminutivo de caráter celebra a corrupção.”