O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) solicitou à Justiça a quebra de sigilo de dados de Jean Wyllys (PT) e a remoção de publicação do Twitter em que o ex-deputado federal disse que o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) era um gay “com homofobia internalizada”.
Leite acionou o MPRS na última quinta-feira (20/7), quando declarou ter sido vítima de “homofobia, preconceito e discriminação” por parte de Wyllis durante uma discussão nas redes sociais ocorrida na semana anterior. A requisição do governador foi atendida pelo promotor de Justiça David Medina da Silva, que entendeu que o petista ultrapassou os limites da liberdade de expressão.
Na peça publicada pelo MPRS na sexta-feira (21/7), é pedido que Willys seja investigado por injúria contra funcionário público e por praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O órgão ainda solicita à Justiça que fixe multa diária de R$ 100 mil caso as medidas sejam descumpridas.
Em uma discussão no Twitter na sexta-feira (14/7), os dois debateram sobre a manutenção das escolas cívico-militares no Rio Grande do Sul após decisão do governo federal de acabar com o programa na esfera nacional. Criticando a postura de Leite, Wyllys tratou sobre a sexualidade do governador.
“Que governadores héteros de direita e extrema direita fizessem isso já era esperado. Mas de um gay? Se bem que gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes; se for branco e rico então”, comentou.
Justificando o acionamento do Ministério Público, Eduardo Leite afirmou que toleraria críticas às medidas tomadas enquanto governador, mas não as associando à sua vida privada. “Jean Wyllys dispara também ataques a uma decisão que eu tomei como governador. Ele pode não concordar, ter outra visão, mas tenta associar essa decisão a minha orientação sexual e até a preferências sexuais. Por isso, entrei com uma representação contra ele, por um ato de preconceito, de discriminação, de homofobia”, declarou.
Nos bastidores em Brasília, o entrevero com o governador gaúcho pode sair caro para Wyllys. O ex-deputado era cotado para cargo na Secretaria de Comunicação (Secom) do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o posicionamento do MPRS pode tornar-se um empecilho. Nesta semana, o ministro da Secom, Paulo Pimenta (PT), destacou que não houve promessa de cargos dentro da pasta.
Não é a primeira vez que os dois discutem sobre sexualidade. Em 2021, quando Leite se declarou bissexual publicamente, Wyllys disse que o pronunciamento foi feito de forma tardia. À época, o petista também criticou o fato do governador gaúcho ter sido um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que coleciona declarações e posturas homofóbicas.