Quando a Qatar Sports Investments (QSI) assumiu o Paris Saint-Germain em 2011, a promessa era clara: conquistar o título europeu em até cinco anos. Catorze anos depois, o clube francês alcançou a tão aguardada taça da Champions League em grande estilo. Na noite de sábado (31), na Allianz Arena, em Munique, o PSG aplicou 5 a 0 sobre a Internazionale e selou seu primeiro título continental com autoridade.
Sob o comando do técnico espanhol Luis Enrique, o time apresentou um futebol coletivo e disciplinado, muito diferente dos esquemas anteriores centrados em superastros isolados. Sem Lionel Messi, Neymar e, mais recentemente, Kylian Mbappé — cuja saída evitou desentendimentos táticos —, a equipe encontrou no equilíbrio entre setores a fórmula ideal. O jovem atacante Désiré Doué, de apenas 19 anos, destacou-se como grande nome da final, anotando dois gols e participando decisivamente das jogadas.
Do sonho à consagração
A trajetória do PSG rumo ao título começou há quase uma década e meia. Após investimentos bilionários — estimados em US$ 2,28 bilhões apenas em contratações desde 2011 (AFP) —, faltava apenas erguer a Champions League. O país-sede da última Copa do Mundo, palco do duelo épico entre Argentina e França em 2022, viu agora outro feito histórico: o triunfo de um clube que tentou, sem sucesso, embalar suas glórias continentais com Messi, Neymar ou Mbappé.
A partida
Desde o apito inicial, o equilíbrio deu lugar à superioridade parisiense. Aos 12 minutos do primeiro tempo, Vitinha fez boa leitura de jogo e encontrou Doué na área. O jovem, por sua vez, devolveu com passe preciso para Achraf Hakimi, que simplesmente empurrou para o gol vazio. O marroquino, ex-jogador da Inter na temporada 2020/21, evitou comemorar com exaltação, demonstrando respeito ao clube que defendeu.
A Internazionale, visivelmente constrangida, teve apenas 39% de posse de bola na etapa inicial e não conseguiu ameaçar com consistência. A única chance real veio em escanteio, com cabeceio de Marcus Thuram que passou ao lado. O PSG, por outro lado, ainda desperdiçou cabeçada de Ousmane Dembélé e duas oportunidades com Khvicha Kvaratskhelia antes do intervalo.
Logo aos 20 minutos do segundo tempo, em um rápido contra-ataque armado por Kvaratskhelia e Dembélé, Doué recebeu na área, finalizou de perna direita e contou com desvio no zagueiro Dimarco para ampliar a vantagem. A partir daí, restou ao time francês administrar a partida: aos 18 minutos, outro toque de calcanhar de Dembélé abriu espaço para Doué marcar seu segundo gol na noite; aos 28, Kvaratskhelia recebeu de Dembélé na frente do gol e não perdoou; e, já aos 42, El Chadaille Bitshiabu Mayulu completou a goleada, definindo o placar em 5 a 0.
Talentos em destaque
A final deixou claro o êxito da política de montagem do elenco atual. Ousmane Dembélé, que chegou ao PSG há dois anos, deixou o banco de reservas para se firmar como candidato à Bola de Ouro, somando 33 gols em 48 partidas nesta temporada, incluindo oito na Champions League. Apesar de não balançar as redes na decisão, sua visão de jogo e capacidade de articulação foram fundamentais para o desempenho coletivo.
Marquinhos, por sua vez, tornou-se o segundo brasileiro a erguer a taça como capitão — antecedido por Marcelo, que levantou o troféu em 2022 pelo Real Madrid. A façanha de Bitshiabu Mayulu, 17 anos, ao assinar o quinto gol, simboliza a renovação constante da base parisiense.
Tricampeão nacional e foco europeu
Com a conquista da Champions League, o PSG completa a tríplice coroa da temporada 2024/25: além da Liga dos Campeões, levantou os troféus do Campeonato Francês e da Copa da França. Internamente, não enfrenta concorrentes à altura: venceu 11 das últimas 13 edições da Ligue 1, impulsionado por fluxo financeiro incomparável.
Nos bastidores, a QSI sofreu investigações judiciais envolvendo o presidente Nasser al-Khelaifi, mas isso não impediu os investimentos rumo ao objetivo maior. O êxito europeu consolida o projeto iniciado em 2011, ainda que com atraso. Agora, o PSG escreve seu nome ao lado das potências históricas do continente e encerra um longo jejum cobrado pela torcida e pela própria diretoria.
Ficha técnica
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Local: Allianz Arena, Munique (Alemanha)
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Data e hora: 31 de maio de 2025, 16h00 (Brasília)
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Arbitragem: István Kovács (Romênia)
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Gols:
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12’/1ºT – Hakimi (PSG)
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19’/1ºT – Doué (PSG)
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20’/2ºT – Doué (PSG)
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28’/2ºT – Kvaratskhelia (PSG)
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42’/2ºT – Mayulu (PSG)
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Paris Saint-Germain (4-3-3): Donnarumma; Hakimi, Marquinhos (capitão), Bitshiabu Mayulu, Nuno Mendes; João Neves, Vitinha, Fabián Ruiz; Doué, Dembélé e Kvaratskhelia. Técnico: Luis Enrique.
Internazionale (3-5-2): Sommer; Acerbi, Bastoni, Pavard (Bisseck); Dumfries, Barella, Calhanoglu, Mkhitaryan, Dimarco (Zalewski); Lautaro Martínez e Thuram. Técnico: Simone Inzaghi.
O Paris Saint-Germain encerra, enfim, o ciclo de frustrações europeias e escreve um novo capítulo em sua história: da ambição declarada em 2011 ao êxito incontestável, coroado por uma goleada histórica na final da Champions League.