Com chuva persistente e solo encharcado, o Rio Grande do Sul voltou a registrar novos deslizamentos e a inundação dos rios que tinham recuado na região central e na Serra Gaúcha. O transbordamento do Rio Jacuí, do Rio Caí, do Rio Taquari, do Rio do Sinos e mais corpos dágua traz preocupação para municípios destruídos pelas enchentes recorde e, ainda, colocam Porto Alegre em alerta.
Mais de 2,1 milhões de pessoas foram impactadas pelas enchentes, a chuva extrema e os deslizamentos em 446 dos 497 municípios gaúchos. Ao menos 81,1 mil estão em abrigos e outras 537,3 mil estão desalojadas (na casa de amigos, familiares e conhecidos).
Em diversos municípios, Defesa Civil, bombeiros e outras equipes viraram a madrugada no monitoramento dos rios. A situação traz apreensão para o Estado, tanto em municípios nos quais a água baixou, revelando grande destruição, quanto naqueles que ainda estão com enchentes, especialmente na Grande Porto Alegre. Prefeituras têm começado a alertar sobre novas evacuações, além de pedir a moradores que estão fora de casa para não retornar neste momento.
A Defesa Civil emitiu uma série de novos alertas na noite de sábado. “As regiões mais críticas no Rio Jacuí são aquelas que foram significativamente afetadas no evento anterior, principalmente no delta das bacias próximas de Eldorado do Sul, Guaíba, região das ilhas, Canoas e Nova Santa Rita, onde se encontram os Rios Sinos e Jacuí, e a zona norte de Porto Alegre”, destacou.
À noite, o governador Eduardo Leite (PSDB) voltou a postar uma alerta para as novas elevações. “Por favor, se coloquem em segurança porque ainda estamos vivendo uma situação de emergência no Rio Grande do Sul”, destacou. No sábado, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) também emitiu novos alertas.
Entre os novos bloqueios, grande parte são na Serra Gaúcha. Entre eles, estão um trecho da ERS-115 entre Gramado e Taquara, por queda de barreira e pedras, segundo o Comando Rodoviário da Brigada Militar. Outro caso é na ERS-112, em Caxias, cujo trevo de acesso foi bloqueado por queda de barreira.
Também há bloqueios parciais, como na ERS-122. Esses trechos contemplam municípios como São Vendelino, “com grande volume da água sobre a pista”. Em Antônio Prado, a interrupção parcial ocorre também por queda de barreira.
“Com a grande quantidade de chuva registrada e a que ainda está por vir, o solo encontra-se bastante encharcado, com probabilidade muito alta de deslizamentos”, diz comunicado. Em Westfália, também foram registrados novos bloqueios desde o sábado. O município de Três Coroas também registrou novo deslizamento no sábado e tem elevação no Rio Paranhana.
Em Estrela, um dos municípios mais afetados neste desastre ambiental, o Rio Taquari subiu de 13,18m, às 17h, para 20,08 à meia-noite, na última medição. No mesmo período, o rio subiu de 4,85m para 11,81m em Muçum, outra cidade fortemente afetada pelas enchentes, segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
Segundo a Prefeitura de Caxias do Sul, novos deslizamentos e rachaduras nas encostas têm sido identificados no distrito Galópolis. “Mesmo as áreas que não estão no mapa de risco devem ser observadas”, destacou em comunicado.
Grande parte do Estado vive uma crise de abastecimento, com falta de água, luz e telefonia. Há baixa nos estoques de alimentos e outros itens essenciais. Hospitais e postos de saúde também foram afetados, assim como sofrem com escassez de medicamentos e insumos.
Além disso, um levantamento preliminar do Estado aponta ao menos 722 abrigos temporários em funcionamento no interior e na região metropolitana.
Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Estado monitoram três barragens com risco de ruptura: PCH Salto Forqueta, em São José do Herval e Putinga, e Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra, e Santa Lúcia, também em Putinga. Ainda há cerca de 11 barragens em estados de alerta e atenção.
O último balanço do Comando Rodoviário da Brigada Militar aponta cerca de 135 bloqueios em rodovias estaduais e federais