A Cia. Suave, que se apresentou em 5 escolas públicas, foi premiada e recebeu recursos da Secretaria Municipal de Cultura, em ato assinado pelo Secretário Marcus Faustini. No seu site, a produtora do evento informa que a classificação etária seria de 12 anos, e a duração de 50 minutos. O conteúdo do show é encontrado online.
Na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio. O show, intitulado “Suave”, trazia uma dançarina da companhia de dança vestindo uma máscara de cavalo, enquanto montava na cabeça de um outro membro, sem camisa, e se esfregava em sua nuca, como que quicando, para depois correr saltitando pelo pátio da escola, enquanto parte das crianças riam e outras aparentavam assustar-se com a movimentação. Tudo isso ocorria ao som de um funk proibidão, com letra em sofrível português, que narrava a história de um “cavalinho no cio” (sic) que “senta e rebola”. Ao mesmo tempo, homens vestidos de mulheres dançavam enquanto a mesma dançarina fazia o que se acredita serem “passinhos de funk“.
A letra diz: “Vem, mulher, vem galopando, que o cavalo tá chamando” / “Cavalo ficou danado, galopa de frente, galopa de lado” / “Depois senta e rebola” / “Cavalo taradão” / “Cavalo ficou tarado, tá de frente, tá de lado”. Depois de mais umas estrofes em que ignora a existência do plural, a ‘música’ conclui, sem muita poesia: “Ela vai pra frente, ela toma, ela toma” / “Galopa, galopa, olha os (sic) cavalo no cio”.
As apresentações do “Suave”, que viralizaram em todo o país, não parecem ter sido gratuitas. Segundo o Diário Oficial do Município do dia 19 de dezembro do ano passado, muito pelo contrário. Ao custo de 50 mil reais, a Secretaria Municipal de Cultura selecionou por concurso a Alice Ripoll Elzirik Produções, premiando-a num edital de Fomento à Cultura Carioca, no processo 12/000.777/2022, com número NAD 1593/2022., com autorização assinada pelo Secretário de Cultura Marcus Faustini (abaixo). A empresa é a responsável pela Cia. Suave
O prefeito Eduardo Paes demonstrou indignação, como era esperado. Mas em sua fala, demonstrou desconhecer a fundo a questão. “Esse grupo aí obviamente está proibido de se apresentar em qualquer escola e se houver qualquer recurso público envolvido, terá que ser devolvido porque a prefeitura só autoriza atividades de classificação livre nas escolas. Aliás, pelo que eu soube, mais uma má-fé desse grupo que se apresentou à direção da escola como se esse absurdo fosse de classificação livre”. A tal má fé do grupo, não parece ter ocorrido, como se depreende do vídeo encontrado no site da produtora, em que a mesma música com letra quase pornográfica tocava, enquanto a dançarina com cabeça de cavalo saltitava de um lado a outro. É o mesmo show que parece ter recebido premiação e aplausos do secretário Faustini.