Uma investigação jornalística conduzida pelo Fantástico desencadeou apurações de órgãos públicos após as eleições. A reportagem obteve extratos detalhados das movimentações na conta do Fundeb de um município, abrangendo o período de janeiro de 2023 a julho deste ano.
Os registros revelam transferências do Fundeb para as contas de mais de 1.500 pessoas. O superintendente da Controladoria-Geral da União (CGU), José Antônio de Carvalho Freitas, afirma que apenas profissionais da educação devem receber recursos do fundo. “É necessário que estejam na folha de pagamento como profissionais da educação básica, em escolas,” ressaltou.
No entanto, os documentos mostram que 11 parentes do prefeito Wallas Rocha e da primeira-dama, Brenda Gabrielle Nunes da Silva, foram beneficiados ilegalmente com esses recursos. As transferências para esses familiares somam mais de R$ 317 mil. Dentre elas, 15 foram direcionadas à primeira-dama, totalizando R$ 58 mil.
Além disso, três parentes do secretário de Educação de São Benedito, pastor Jairo Frazão, receberam R$ 126 mil, enquanto dez familiares do vereador Irmão Valter (PSB) obtiveram R$ 112 mil.
A investigação aponta também o uso de “laranjas” que emprestaram contas bancárias para desviar o dinheiro do Fundeb.
Alunos de São Benedito do Rio Preto, no interior do Maranhão sofrem com falta de transporte e manutenção nas escolas. Segundo investigações, R$ 13 milhões destinados à educação foram desviados — parte desse dinheiro foi parar na conta de parentes do prefeito e da primeira-dama.
O município tem pouco mais de 18 mil habitantes e o registro do pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do país do 1º ao 4º ano do ensino fundamental.
O Tribunal de Contas do Estado, a Controladoria-Geral da União e o Ministério Público Estadual investigam o caso.
A reportagem buscou contato com o prefeito Wallas Rocha, a primeira-dama Brenda Gabrielle, o secretário de Educação Jairo Frazão e o vereador Irmão Valter, mas não obteve resposta .