A elevação do IOF, apesar de seu impacto direto sobre a população mais vulnerável, tem sido vendida pelo governo federal por meio de uma narrativa cuidadosamente construída, voltada a confundir a opinião pública e blindar a medida de críticas mais profundas.
A propaganda oficial — endossada por setores aliados e replicada por perfis militantes nas redes sociais — se ancora em argumentos que, à primeira vista, parecem tecnicamente razoáveis, mas que desconsideram a realidade concreta enfrentada pelos brasileiros de baixa renda.
Sob o pretexto de “ajuste fiscal necessário” ou de “manutenção da responsabilidade com os cofres públicos”, o governo Lula tenta convencer os desinformados de que o aumento do IOF é uma medida provisória, que atingiria “grandes transações financeiras” e “operações especulativas” feitas por bancos e investidores — quando, na verdade, a cobrança recai diretamente sobre operações cotidianas como:
empréstimos para pagar dívidas básicas;
compras parceladas no cartão de crédito;
financiamentos estudantis;
câmbio para viagens de trabalho ou estudos.
Na retórica governista, o IOF é apresentado como um “mal necessário” para viabilizar políticas sociais e manter o equilíbrio fiscal — uma contradição gritante, pois é justamente a população mais pobre, que depende dessas políticas, quem mais sofre com o aumento do tributo.
O cenário se agrava quando o próprio Poder Legislativo se posiciona claramente: em 25 de junho de 2025, a Câmara dos Deputados derrubou o decreto presidencial por expressivos 383 votos a favor da anulação contra 98 — e o Senado endossou a medida por votação simbólica . Ou seja, o que é normal em um país que se diz democrático.
Entretanto, essa expressão democrática foi ignorada quando o ministro Alexandre de Moraes, do STF, validou o decreto presidencial — mesmo sem aprovação legislativa prévia, reinstaurando o aumento do IOF majoritariamente por decisão monocrática .
A propaganda oficial ainda reforça a ideia de que “não é aumento de imposto, é correção de alíquota” — uma distorção semântica que visa confundir os desavisados e suavizar o impacto da medida. Essa linguagem cuidadosamente escolhida é usada para tirar a atenção do cerne da questão: o Brasil continua penalizando o consumo e o crédito — ao invés da renda e do patrimônio — como estratégia fiscal.
Mais grave ainda, ao apresentar o IOF como um instrumento “de justiça social” ou de “correção estrutural” da economia, o discurso lulopetista busca capturar o apoio das massas desinformadas, convertendo um mecanismo regressivo de arrecadação em um suposto instrumento de progresso. Trata-se de uma retórica populista disfarçada de responsabilidade econômica.
Na prática, esse tipo de narrativa não apenas perpetua injustiças fiscais, como também deseduca a sociedade sobre o real funcionamento dos tributos. Os que deveriam ser esclarecidos sobre os mecanismos do Estado, acabam sendo manipulados por slogans e frases prontas — enquanto os mais ricos, com acesso a assessoria fiscal e proteção patrimonial, continuam pagando proporcionalmente menos.
Assim, a propaganda do governo Lula sobre o IOF é mais do que desinformação: é uma engenharia de manipulação simbólica, que utiliza o vocabulário da justiça para justificar a manutenção da desigualdade. Em vez de promover uma reforma tributária justa e progressiva, opta por disfarçar aumentos como se fossem virtudes. E nisso, quem paga — mais uma vez — é quem menos tem.
O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) atinge diretamente os pobres de forma dura, silenciosa e cotidiana.