A política no nosso pais , não se faz com ideais, mas com cifrões. A governança virou um espetáculo grotesco onde vereadores, que deveriam fiscalizar, atuam como cúmplices bem pagos, e o prefeito, dependendo do tamanho da conta bancária, pode até comprar o silêncio do judiciário. O resultado? Um sistema feudal onde a corrupção não é um desvio, mas a regra.
A Lavagem de Dinheiro nas Sobras
Quando um contrato público é assinado, o dinheiro nunca chega inteiro ao seu destino. Os percentuais já são previamente divididos entre aqueles que operam o esquema: uma fatia para os empresários amigos, outra para os vereadores aliados, uma generosa comissão para os intermediários e, claro, a cota do prefeito, que posa de benfeitor na mídia comprada enquanto financia a própria perpetuação no poder.
E quando sobra dinheiro no orçamento, ele não é devolvido ao povo. Pelo contrário. Vira um jogo de esconde-esconde contábil. Surge um evento, uma obra emergencial, um projeto social fajuto. Tudo meticulosamente planejado para que os milhões desviados desapareçam sem deixar rastros. Se alguém perguntar, a resposta já está pronta: “o dinheiro foi aplicado em benefício da população”.
O Nepotismo Cruzado: O Jogo de Família
Para que o esquema funcione, é preciso manter o ciclo fechado. O prefeito emprega parentes de vereadores, os vereadores empregam parentes do prefeito. O compadrio se expande para empresários que financiam campanhas e depois são recompensados com contratos milionários. É o chamado nepotismo cruzado, um jogo de cartas marcadas onde os laços de sangue valem mais que qualquer competência.
Enquanto isso, o servidor concursado, que estudou e passou no teste da honestidade, é jogado para escanteio. Quem tem acesso ao poder são os irmãos, esposas, sobrinhos, genros e cunhados dos figurões da política local. E o povo? Que continue esperando pela vaga no hospital, pela escola sem goteira, pelo asfalto que nunca chega.
O Feudo do Prefeito e o Judiciário à Venda
Com tanto dinheiro circulando, o prefeito se sente um príncipe feudal, comandando a cidade com mão de ferro. E como todo bom monarca da corrupção, ele sabe que a justiça pode ser mais um bem negociável. Dependendo do volume do “investimento”, investigações perdem força, denúncias desaparecem e decisões judiciais se tornam convenientes.
O prefeito compra tudo: vereadores, lideranças comunitárias, blogueiros, secretários. Mas quando a situação aperta, é no Judiciário que ele aposta suas fichas. Um despacho bem alinhado aqui, um processo engavetado ali, e pronto: está garantida a impunidade.
Enquanto isso, quem deveria representar o povo se comporta como vassalo do sistema. Os vereadores, que deveriam ser a barreira contra a corrupção, tornaram-se reféns do medo – não o medo da Justiça, mas o medo de perder suas fatias do bolo. Eles não fiscalizam, não questionam, não denunciam. Preferem seguir calados, aplaudindo e elogiando e até brigam para sair na foto da inauguração da obra superfaturada, engordando suas contas bancárias, enquanto a cidade afunda na lama da corrupção.
Até quando?
O Brasil sempre foi sequestrado por um esquema que drena recursos públicos para bolsos privados. Vereadores vendidos, institutos fajutos, nepotismo escancarado e até tentáculos no Judiciário: essa é a fórmula do poder.
Mas o povo não pode ser refém dessa engrenagem. É preciso romper com esse ciclo vicioso de silêncio comprado e submissão institucional. Quem não se vende precisa falar. Quem não se dobra precisa reagir.
A pergunta que fica é: até quando nosso país será governado como um feudo onde o dinheiro do povo serve para multiplicar a corrupção.
“Se essas práticas são identificadas no município onde você mora, não é mera coincidência — é a dura realidade.”