O farejar do cheiro rançoso da censura maldita — e ele está no ar. “Nada apodrece mais rápido que um país contaminado pela censura.”
O Ministério Público Federal pede agora o cancelamento das concessões da Jovem Pan, sob a alegação de “abusos graves” e “risco ao regime democrático”. A acusação? Microfones abertos, vozes dissonantes, opiniões incômodas. Nenhuma arma, nenhuma bomba, nenhum motim. Apenas palavras.
Não se trata de defesa cega de emissora alguma. O que se julga aqui não é a qualidade do jornalismo, mas o direito de existir dele. Quando o Estado se arroga o poder de decidir quem pode falar, a democracia já começa a ruir. Hoje é a Jovem Pan. Amanhã, qualquer veículo que ouse contrariar o governo.
E enquanto uma emissora é arrastada ao cadafalso, outras se banham em verbas públicas — gordas campanhas de propaganda institucional, contratos de “mídia técnica” que, na prática, funcionam como prêmio para a docilidade. O dinheiro do contribuinte vira afago a quem se mantém submisso, enquanto a faca do silêncio recai sobre quem desafia.
O roteiro não é novo. Governos autoritários, de Moscou a Havana , Coreia do Norte , China, Venezuela sempre usaram a retórica da “defesa da democracia” para sufocar a própria democracia. Trocam-se bandeiras e slogans, mas a lógica é a mesma: calar para controlar. É o velho manual de regimes que se dizem populares, mas que temem a pluralidade como o diabo teme a cruz.
Quando um país passa a medir liberdade com régua estatal, já não importa se o pretexto é “combate à desinformação” ou “manutenção da ordem”. O resultado é um só: imprensa domesticada, cidadãos amordaçados, opinião pública pasteurizada.
Primeiro, criminaliza-se a palavra. Depois, premia-se a submissão. Por fim, naturaliza-se a ideia de que a liberdade é concessão do poder. A história mostra onde esse caminho leva — a um lugar de fome , miséria e submissão.
A pergunta que resta é simples e incômoda: quem vigia os vigilantes? Porque, enquanto o governo distribui privilégios a veículos dóceis e processa os insubmissos, a democracia que se diz protegida é, na verdade, a primeira vítima e vira democracia temática relativa privilegiada .
Eis o ponto final que não admite reticências: quem se cala agora assina, de próprio punho, a sentença de sua própria mudez.
“MORRER PELA PÁTRIA OU VIVER SEM RAZÃO”
“O Ministério Público Federal (MPF) apresentou nesta segunda-feira, 15, suas alegações finais em uma ação ajuizada em 2023 contra a Jovem Pan e pediu o cancelamento das três outorgas de rádio. O órgão alega que a emissora “cometeu abusos graves, ao longo de 2022, ao sistematicamente desinformar seus ouvintes e veicular conteúdos que colocaram em risco o regime democrático brasileiro”.
Além do cancelamento das concessões, o MPF fez outros pedidos, entre eles a condenação da Jovem Pan ao pagamento de R$ 13,4 milhões como indenização por danos morais coletivos e a obrigação de veicular por quatro meses conteúdo de direito de resposta.”
Nota da emissora:
https://jovempan.com.br/jpnews/jovem-pan-esclarece-publicacao-do-mpf-em-site-oficial.html