SÃO LUÍS — A Polícia Federal desarticulou, nesta sexta-feira (17), um esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos em São Luís, que teria movimentado mais de R$ 2 milhões oriundos de emendas parlamentares estaduais. Durante a operação, foram presos três envolvidos e apreendidos R$ 419.350 em espécie, incluindo uma mochila com R$ 400 mil destinada, segundo o depoimento de uma das presas, à entrega na Assembleia Legislativa do Maranhão.
Os flagranteados foram: Larissa Rezende Santos, assessora da deputada Andreia Rezende (PSB); Maria José de Lima Soares, presidente do Boi de Maracanã e representante da Banzeiro Grande Produções; e Ivan Jorge da Piedade Madeira, presidente da Companhia de Cultura Popular Catarina Mina.
As investigações indicam que parlamentares direcionavam emendas a entidades culturais e sociais, cujos presidentes realizavam saques fracionados em espécie, permitindo o desvio e a ocultação da origem dos recursos. Parte dos valores, conforme os autos, retornaria aos parlamentares. Outras parcelas seriam usadas para tributos e comissões.
No flagrante, Larissa Rezende foi interceptada ao tentar embarcar em um táxi com R$ 400 mil, que, segundo ela, seriam entregues à deputada Helena Duailibe (PP) para uma festa natalina. Ivan Madeira recebeu R$ 50 mil, equivalentes a 10% do valor, e Maria José portava R$ 19.350.
Documentos apreendidos, intitulados “SECMA – Emendas Indicadas”, relacionam as deputadas Helena Duailibe e Cláudia Coutinho a um contrato de R$ 500 mil para o Festival das Crianças, que, segundo a investigação, não ocorreu.
A deputada Helena Duailibe negou envolvimento:
“Fui surpreendida com tudo o que aconteceu. Não conheço quaisquer dos envolvidos e nunca recebi nem receberei valores indevidos. Estou à disposição para esclarecimentos.”
A defesa de Ivan Madeira ressaltou sua trajetória de três décadas à frente da Companhia Catarina Mina, reconhecendo seu trabalho cultural e social na comunidade. Maria José de Lima Soares destacou a relevância de sua atuação no Boi de Maracanã, reafirmando a legalidade de suas atividades. A defesa de Larissa Rezende enfatizou que qualquer conclusão antecipada seria “meramente especulativa” e que a acusada colaborará com a investigação.
A Assembleia Legislativa do Maranhão, por meio da presidente Iracema Vale, informou que não recebeu comunicação oficial sobre o caso, mas garantiu que colaborará integralmente com as autoridades e adotará medidas institucionais cabíveis, mantendo “total transparência e responsabilidade”.
Os três presos foram autuados em flagrante por lavagem de dinheiro, crime previsto na Lei nº 9.613/1998, com pena de até dez anos de reclusão. A PF segue investigando a participação de outros possíveis beneficiários, incluindo agentes públicos, e apura se os recursos foram utilizados para caixa dois eleitoral.