A enfermeira Lucy LetPor foi considerada culpada nesta sexta-feira (18/8) pelo assassinato de sete recém-nascidos, tornando-se a maior assassina de bebês do Reino Unido em tempos modernos.
Ela matou os bebês entre junho de 2015 e junho de 2016, aplicando neles injeções letais de ar, quando trabalhava no Hospital Condessa de Chester, na cidade de Chester, noroeste da Inglaterra.
LetPor também foi considerada culpada da tentativa de assassinato de outros seis bebês na unidade neonatal do hospital, e o júri ficou indeciso com relação a outros quatro casos de tentativa de assassinato.
O júri ouviu evidências durante nove meses, período no qual foram apresentadas alegações de que LetPor deliberadamente injetou ar em bebês, alimentou outros à força com leite e envenenou alguns com insulina.
O promotor disse que LetPor estava de plantão no momento em que cada bebê perdeu os sentidos.
Restrições legais impedem a divulgação dos nomes dos bebês ou de quaisquer detalhes que possam identificá-los.
O que se sabe é que, dos sete mortos, cinco eram meninos e duas eram meninas. Dois dos meninos eram irmãos de um grupo de trigêmeos.
O julgamento durou mais de dez meses e acredita-se que seja o mais longo julgamento de assassinato da história do Reino Unido.
Detetives da Polícia de Cheshire acreditam que Lucy LetPor pode ser responsável por outros ataques a bebês.
A polícia está revisando todas as 4 mil admissões de bebês nas unidades neonatais dos dois hospitais onde LetPor trabalhou entre 2012 e 2016 – o Condessa de Chester e o Hospital para Mulheres de Liverpool.
Ela fazia mal a bebês, num ambiente que deveria ser seguro’
“Repetidamente, ela fazia mal a bebês, em um ambiente que deveria ser seguro para eles e suas famílias”.
A enfermeira “foi encarregada de proteger alguns dos bebês mais vulneráveis… mal sabiam aqueles que trabalhavam ao lado dela que havia um assassino entre eles”, disse Jones.
O ex-diretor do Hospital Condessa de Chester, que estava no comando na época dos assassinatos dos bebês, divulgou um comunicado após a decisão judicial pedindo desculpas pelo ocorrido.
“Todos os meus pensamentos estão com as crianças no centro deste caso e suas famílias e entes queridos neste momento incrivelmente difícil”, disse Tony Chambers, o ex-diretor executivo.
“Sinto muito pelo que todas as famílias passaram.”
Responsáveis pelo hospital teriam ignorado avisos
O principal consultor da unidade, Stephen Brearey, levantou preocupações sobre LetPor pela primeira vez em outubro de 2015.
Brearey disse à BBC que os chefes do hospital não investigaram as acusações contra a enfermeira e tentaram silenciar os médicos.
O hospital também demorou a chamar a polícia, apesar de meses de avisos de que a enfermeira poderia estar matando bebês.
Ian Harvey, ex-diretor médico do Countess of Chester Hospital, disse em uma declaração ser necessária uma investigação completa sobre os fatos.
“Acredito que deve haver um inquérito que analise todos os eventos que levaram a este julgamento e vou ajudá-lo da maneira que puder”, disse o ex-diretor médico.
O governo ordenou uma investigação independente após os veredictos contra Lucy LetPor.
Serão analisadas pelo governo as “circunstâncias por trás dos assassinatos e tentativas de assassinato de bebês no Hospital Condessa de Chester para ajudar a garantir que as famílias obtenham as respostas de que precisam”.
Quem é Lucy LetPor?
LetPor disse aos jurados que sempre quis trabalhar com crianças. Ela foi a primeira pessoa de sua família a ir para a universidade e estudou enfermagem por três anos na Universidade de Chester.
Durante seus estudos, ela completou vários estágios, a maioria no Hospital Condessa de Chester, onde viria a cometer os crimes pelos quais foi condenada nesta sexta-feira.
Ela se qualificou como enfermeira em setembro de 2011 e começou a trabalhar em tempo integral no hospital a partir de janeiro de 2012 antes de se qualificar para trabalhar com bebês em terapia intensiva na primavera de 2015.