Em nota divulgada nesta sexta-feira, o PSDB – partido do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite – criticou aquilo que definiu como “atraso” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao prestar socorro à população gaúcha. Nesta quinta, Lula realizou um sobrevoo no estado e se encontrou com Leite.
Na ocasião, ele afirmou que não faltará recurso para atender às necessidades do estado e determinou a instalação de uma base do governo federal para centralização das informações e coordenação das ações. A visita, contudo, ocorreu no terceiro dia de inundações.
Após o encontro, Leite afirmou que a reunião foi muito proveitosa, e que governo federal e estadual estão alinhados no resgate à população. Leite ainda afirmou que esse já é o pior desastre climático do estado.
— A nossa reunião foi muito proveitosa no sentido de colocar toda velocidade, todo foco de forma equilibrada, tudo o que precisamos fazer para dar respostas com equipamento, efetivos, com foco no resgate das pessoas — afirmou, completando: — Nesse momento, o foco absoluto, total, é no resgate das pessoas, salvar vidas, estamos alinhados nisso, presidente Lula.
O partido de Leite, contudo, fala em omissão e cita outros compromissos de Lula enquanto as chuvas se intensificavam. Assinam o documento o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, Aécio Neves.
“Lula chegou, mais uma vez, com atraso ao Rio Grande do Sul. Mesmo no auge da tragédia que já contabilizava inúmeras vítimas desde o início da semana, o presidente preferiu priorizar seus interesses partidários, participando de um comício para o seu candidato à Prefeitura de São Paulo financiado com dinheiro público e pelo qual já responde à Justiça. Sobrevoos, fotos de divulgação tiradas por seu fotógrafo particular e declarações à imprensa não diminuirão o sofrimento pelo qual passam milhares de gaúchos”, diz um trecho do comunicado divulgado pelo PSDB.
O texto também fala em “discriminação” pelo fato de Leite não pertencer a um partido da base do governo.
“Diante da situação dramática do Rio Grande do Sul, cuja população foi gravemente atingida pelas recentes chuvas, o que se espera do Presidente da República é que não haja, nesse grave momento, qualquer tipo de discriminação em razão dos posicionamentos políticos ou do partido ao qual pertence o governador Eduardo Leite.
É fundamental nessa hora o envolvimento célere de todas as áreas do governo, em especial as Forças Armadas, e principalmente a liberação imediata de recursos orçamentários para que o governo do Estado possa atender às prioridades da população atingida.
O que a população gaúcha e brasileira esperam do presidente da República é que ele aja como presidente de todos os brasileiros e não apenas dos seus aliados”, completa o comunicado.
O número de mortos chegou a 37 nesta sexta-feira. Ao menos 74 pessoas seguem desaparecidas. De acordo com o último boletim, 235 cidades foram afetadas e mais de 31 mil pessoas estão fora de casa devido aos temporais — 7.949 em abrigos e 23.598 desalojados.