Brasília, 18 de julho de 2025 – Em nota oficial emitida nesta sexta-feira, o Partido Liberal (PL) rompeu o silêncio e manifestou “estranheza e repúdio” à operação deflagrada pela Polícia Federal que incluiu mandados de busca e apreensão na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro e na sala que ocupa na sede nacional do partido, em Brasília.
A legenda classificou a ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, como “desproporcional e injustificada”, destacando que Bolsonaro jamais apresentou resistência às autoridades e sempre se colocou à disposição dos órgãos de investigação.
“Se o presidente Bolsonaro sempre esteve à disposição das autoridades, o que justifica uma atitude dessa?”, questiona o texto do partido.
Para além do tom institucional, a nota do PL traz um recado claro à cúpula do Judiciário: o ex-presidente ainda conta com o apoio irrestrito da legenda e está longe de ser tratado como um foragido ou alguém que represente ameaça à ordem democrática. “Reafirmamos nossa confiança no presidente Jair Bolsonaro, seu compromisso com o Estado Democrático de Direito e com a verdade”, conclui a manifestação.
Um cerco judicial em expansão
A operação desta sexta é mais um capítulo do que já se configura como um cerco judicial progressivo ao ex-presidente da República. Desde 2023, Bolsonaro foi alvo de múltiplos inquéritos, bloqueios de bens, retenção de passaporte, imposição de tornozeleira eletrônica e agora, mais uma vez, de buscas ostensivas — medidas que somam um ambiente de perseguição política sob a roupagem de legalidade.
Não se trata mais de investigação. Trata-se de desgaste público, exposição midiática e criminalização prévia de uma liderança política que representa mais de 58 milhões de votos. O que se testemunha, em pleno funcionamento das instituições republicanas, é a instauração de um regime de exceção disfarçado de zelo democrático.
O STF: juiz, legislador e executor?
A decisão que autorizou a ação da Polícia Federal parte, mais uma vez, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, consolidando um padrão de atuação onde o Judiciário concentra poderes típicos dos três pilares da República. Atua como legislador ao impor restrições que extrapolam o Código Penal, como juiz ao determinar penas antes da sentença, e como executor ao dirigir operações policiais de alto impacto.
O uso político da Justiça, apontado por juristas e analistas internacionais, revela-se ainda mais claro quando a narrativa é acompanhada de vazamentos seletivos, mobilização de manchetes e um silêncio conivente do Congresso Nacional.
Um partido que rompe a inércia
A nota do PL representa um marco na reação institucional à escalada de ações contra Bolsonaro. Até então, a maioria dos partidos – inclusive aliados – vinha adotando postura de cautela, medo ou neutralidade frente às decisões do STF.
Ao usar palavras como “repúdio”, “estranheza” e “desproporcionalidade”, o PL aciona juridicamente o princípio da inviolabilidade da presunção de inocência, e politicamente o direito à oposição sem perseguição, algo que deveria ser garantido em qualquer democracia livre.