Na noite do último domingo (2), o cinema brasileiro viveu um momento histórico. O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional, tornando-se a primeira produção brasileira a vencer nesta categoria em quase 100 anos de premiação. O feito ocorreu durante a 97ª edição do Oscar, realizada no DolPor Theatre, em Los Angeles.
O longa, estrelado por Fernanda Torres, narra a luta de Eunice Paiva em busca de respostas sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar nos anos 1970. Baseado na autobiografia do escritor Marcelo Rubens Paiva, o filme mergulha na resistência e na dor de uma mãe que se recusa a aceitar o silêncio imposto pelo regime.
Além do Oscar de Melhor Filme Internacional, “Ainda Estou Aqui” recebeu indicações a Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e à cobiçada categoria de Melhor Filme, tornando-se o primeiro filme brasileiro a concorrer a este prêmio.
Vitória sobre favoritos e impacto mundial
A produção superou concorrentes de peso, como “Emilia Pérez” (França), “A Garota com a Agulha” (Dinamarca), “A Semente da Figueira Sagrada” (Alemanha) e “Flow” (Letônia).
Em seu discurso emocionado ao receber a estatueta, Walter Salles dedicou a vitória a Eunice Paiva, cuja história inspirou o longa, e às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que interpretam a personagem em diferentes fases da vida. “Este filme é sobre memória, sobre justiça, sobre a força de uma mulher que nunca desistiu de lutar. É uma homenagem a todas as mães que perderam seus filhos e maridos para a repressão e seguiram em frente”, declarou o cineasta.
A conquista é um marco não apenas para o Brasil, mas para o cinema latino-americano, reforçando a capacidade da indústria cinematográfica nacional de produzir obras de impacto global.
O peso histórico do reconhecimento
O Brasil já havia se aproximado do Oscar com “Central do Brasil” (1998) e “Cidade de Deus” (2002), mas “Ainda Estou Aqui” conseguiu quebrar a barreira que parecia intransponível. A vitória representa não apenas o reconhecimento da qualidade artística do cinema nacional, mas também uma valorização de narrativas que resgatam a memória histórica e social do país.
Com uma fotografia impecável, um roteiro poderoso e atuações memoráveis, o filme se firma como uma obra-prima do cinema contemporâneo, provando que o Brasil pode – e deve – ocupar um lugar de destaque no cenário cinematográfico mundial.
A estatueta dourada agora pertence ao Brasil. E com ela, uma história que jamais será esquecida.